Você já sentiu o cheiro do sangue no chão
Já
andou por caminhos a espera de qualquer coisa
Qualquer
som que pudesse te conduzir
Apenas
o verbo
Apenas
as palavras ecoando no ar
Vozes
veladas ditam as regras
Dizem
o que devo fazer
O
que jamais serei
Você
consegue ver a letra escarlate em mim?
Já
sentiu o perfume da vida no instante que precede a morte?
Vem!...Se
aproxima
Meu
sorriso te encanta?
Meu
jeito te seduz?
Entra
no meu jogo sem medo
Desnuda
teu corpo
Teus
pensamentos
Teus
medos
Navegue
em minhas águas
Sinta
meu corpo sobre o teu na eternidade do momento
Consegue sentir?
Em
teus pudores eu estarei
Indecentemente
tomando você
Como
veneno mortal rasgando teus sentidos
E
nessa caminhada estarei a sua espera
Espreitando
sua vida em cada beco
Como
um lobo que espreita a presa com sede nos lábios
Você
já sentiu o cheiro de sangue no chão?
Nesta noite clara
de chuva forte
um anjo tocou meu rosto
ele tinha mãos claras e frias
olhar forte e incisivo
chorava lágrimas de sangue
e perguntou-me- Por que?
minha alma gelou intensamente
senti cada canto do meu ser adormecido
submerso em um lago profundo e gelado
lágrimas rolaram
manchando meu rosto com a vida que um dia eu vivi
seu nome era com L
mas não mais conseguia ou vir ou compreender
tinha asas imponentes mas elas também continham manchas rubras
um trovão ensurdecedor me trouxe de volta do êxtase
estava descalça, mas não sentia sob meus pés a água ou o frio
o anjo apenas acompanhou com a cabeça
meus passos em direção ao espelho
havia cacos no chão, e eu não vi meu reflexo
a escuridão era absoluta, dentro e fora de mim
olhei no rosto do meu protetor
e uma certeza perturbadora apoderou-se de mim
rasgando minha alma quebrando o que restava
minha janela estava molhada
em pedido com verso maldito
vi pela última vez rostos que eu amava
o anjo tocou meu rosto e chamou meu nome
compreendi naquele instante, no sútil e último segundo que antecede a decisão
de que os anjos caem primeiro
e somente depois a última gota da minha vida se fez abaixo
levando consigo toda risada já dada sem pudor, levando meus amores, meus medos
carregando pela eternidade as sombras da minha vida....
Meu sangue sua vida
certeza e dúvida
o desejo e a castidade
bebo da sua doçura
preto no branco
o vento sobre a água
o grito abafado e o silêncio rasgado
ela tão doce vestida de vermelho
entorpece meus sentidos
a droga da embriaguez é a doçura que bebo dos teus lábios
meu sangue sua vida
o pecado e a redenção
a luxúria de uma noite
o pudor do pedido
você é minha perdição
eu sou navalha sob a pele
o desejo e a castidade
o pecado e a redenção
fogo amaldiçoado flamejante
verso encantado proferido de bom grado
o amor proibido e mal visto
a vida e a morte
cruzando o dia clareando a noite
o grito e o silêncio
a vida e a morte
já não existem
apenas há o tempo perdido e o tempo vivido....
