Resumindo...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Seguindo teu caminho

Volte por mim
Tua voz em meus ouvidos
incansável melodia da vida
Sinto que permanecerá
A vida retorna pra ficar.
Deixo que tua flauta e teus tambores
guiem meus dias.

Sem mascaras a cobrir meu rosto
danço perdida em teus encantos
nos olhos sua face, na boca teu gosto

Na noite sagrada de Lua
um som
uma realidade
Sei que posso voar
desmistificar os quatro cantos
com apenas tua força.

Volte pra mim em tua memória
volte pro ser que algum doce dia
já lhe pertenceu.

Aceita, já posso me entregar
venha tomar posse dos meus medos.
Anseio pelo poder de tuas mãos
pelo mistério de sua túnica.

Vista-se de mim
como no passado antigo
Usa de mim
Revele-me para o que sou capaz
Meus sonhos e tua vida
Teus dias jaz em meu passado.

Diante do circulo que me deixaste
Imploro- te
pegue tuas vestes e volte pra mim
para o mais puro e íntimo de mim.






segunda-feira, 3 de maio de 2010

O despertar da força



O despertar do sol entre as montanhas
revela um céu rubro sobre nossas cabeças
ouvindo o canto da sereia para o mar
traz novamente a vida que se foi...

Façam festa aos elementais
da terra, do fogo, da água e do ar
A rainha retorna com o doce canto
doce canto de paz...

Uma multidão dançante a envolve
fecham os olhos escutando a melodia
manhã de festa na floresta
Despertem criaturas puras
Este é teu dia
A salvação para o circulo de pedras
Num sonho místico
revela-se na voz uma benção

Dance sobre os elementos sagrados
da rainha emana a voz do Grande Espírito
aos dias de sombras e amores guardados
Hoje o sol nascera para que tudo seja criado.


quinta-feira, 8 de abril de 2010

Voe doce amor



Posso sentir teu cheiro
teu doce cheiro sobre mim
Seu espírito a fitar-me sob a noite.

Voe no céu escuro e sombrio
deixe-me ver que você esta bem
enquanto nossa musica invade e desperta.

Voe sobre meus pensamentos meu melhor amigo
já não há mais tempo
mas não me sinto só
seu nome grita tatuado em meus punhos
sua voz ecoa na minha cabeça.

Voe doce criança
voe tão distante de mim
pro seu infinito sem fim.

Sinta,
mesmo livre,
mesmo além dos céus
minha vida te pertence,
teu sangue é meu sangue
meus olhos, tua visão.
Somos apenas um
vivendo em mundos diferentes,
mas ainda assim somos nós
unicamente nós
pra todo sempre.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Beltane


E entre as folhas e galhos
Grande Carvalho
Dança com fitas em mastro
suas cores
flores
amores.

Cheiro de Círculo Sagrado
No centro:
frutas vermelhas
mel
flores
abelhas.

No ar toda magia de luz
A Deusa é quem hoje canta
seduz
conduz

Até que...
a pureza da Noite
o Senhor Sol vem buscar
Outubro com cores de maio
Sagrada união a celebrar.

terça-feira, 23 de março de 2010

Passado em pedra

Um mundo de verdades escondidas
De respostas mal dadas, não compreendidas
E no mais íntimo da mente repousa o velho sonho
Ansiando por um caminho de luz,
por um horizonte não tão distante.
Tirando do meu íntimo o que agora sou
liberta-me do abismo que sufoca
Pois minha alma necessita de flores
Traga-me do submundo sombrio e frio
de água, de gelo, de fogo.

À minha esquerda um punhal
À minha frente tua vida
Siga meus passos aos quatro cantos
entrelaçados num destino incerto
num desejo
num encanto.

Traga-me do meu submundo
Já não é possível respirar
O peso da lamina em minhas mãos
o peso da vida em seus olhos
o cheiro do sangue na terra.

Volte por mim e perdoe minhas lembranças
Esse mundo não precisa descobrir
Volte por mim e me arranque desse lugar
Meu sangue tem gosto de perdão

Eu imploro...
Mate-me em teu passado
me permita assim seguir
O destino que em mim foi traçado.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Se sou feiticeira, logo eles ficarão sabendo...


Dormir é morrer, eu sei, mas não consigo me manter acordada. Antes morrer do que ser capturada. Antes morrer congelada junto desta árvore do que ser enforcada...

Movimento atrás da cortina de neve em torvelinho, uma forma ganhando corpo, cinza contra cinza. Pensei que fosse um cão, mas não era um cão, era um lobo, uma fêmea. Patas grandes subiam e desciam, levantando tufos de neve, alerta aos menores movimentos parou de saltar e avançou... eu entendi, eu era a caça, ela tinha vindo por minha causa...

Fitou-me com olhos amarelos, a cabeça inclinada para um lado, como se estivesse decidindo se me matava agora ou mais tarde. Tive vontade de que fosse agora. Fechei os olhos pronta para a mordida, não houve mordida, ela se pôs a lamber meu rosto sem parar derretendo o gelo das minhas bochechas... eu era capaz de sentir de novo.

Ela procurava me dizer que estava na hora de sair dali, que eu deveria segui-la, levantei-me mas meus pés tinham perdido a sensibilidade, não me sustentavam. A neve caía mais de pressa, achei que ia me deixar ali, estava anoitecendo. Mas ela foi cavando cada vez mais fundo abrindo um covil na neve e quando ficou satisfeita veio até mim e começou a me puxar...

Ela se enroscou ao meu lado, de costas pra neve que caía. Encostei o rosto em teu pelo macio e claro de seu peito e pescoço. O calor dela me deu vida, e esperança.

Acordei sozinha num casulo de gelo, surpresa por ter acordado. Aonde tinha ido? Sem ela eu morreria, "salvar- me e depois me abandonar" a idéia me abalou cruelmente.

Ouvi uma voz "tenha mais fé, não duvide de que eu a amo. O fato de não poder estar com você não significa que a ame menos" depois ouvi outra coisa, que não era do mundo dos espíritos, achei que fosse ela, mas nenhum lobo de passo leve faria aquele som... eram passos de um homem, achei que fosse sonho mas os braços que se estenderam na minha direção eram bem reais.

"Ela cuidou bem de você, A noite passada meu avô sonhou que encontrou uma loba na floresta. Levantou antes do amanhecer. Nós a encontramos esperando na clareira sob a caverna. Virou-se esperando que a seguíssemos, e nos trouxe até você."

" Como é possível? Ela impediu que eu congelasse . Ficou aqui comigo. Não entendo."

"Há muita coisa difícil de entender."

Estava gelada até os ossos e nem mesmo as peles que o índio trouxera contribuíam para me aquecer, mas o embalo da viagem foi me acalmando. Quando acordei estava anoitecendo, surgiam as primeiras estrelas e estávamos ao pé de uma grande penhasco.
Estava atenta ao som trazido pelo vento, um uivo respondido por outro, ouviu-se outro ainda mais próximo, Fiquei paralisada quando uma forma cinzenta surgiu na borda da clareira. Era uma loba, e grande, percebi que a conhecia...

Eu não precisava de explicações, encarei-a e seus olhos amarelos piscavam e brilharam de reconhecimento. Encarei-a e Gaio não precisou me dizer quem ela era. Era minha mãe. Exatamente como o espírito de minha avó poderia se transformar em lebre, o de minha mãe tomara a forma de uma loba para me salvar mais uma vez da maldade dos homens.
Inclinei a cabeça e proferi meus agradecimentos, arrependida de ter duvidado dela.

Ela soltou um último ganido leve, virou-se e sumiu nas sombras da floresta para junto de outros Grandes Espíritos...

Já na caverna, os tambores começaram devagar e rápido, devagar e rápido. Como meu sangue e meu coração e de repente a musica cessou, o mundo parou de girar e eu deixei de sentir frio.

(Trecho extraído do livro Sangue de feiticeira - Célia Rees)