Resumindo...

terça-feira, 19 de julho de 2011

A Vidraça e a Magia


Era noite fria lá fora, a lua havia se escondido delas.
Pela janela via-se o vento à mostrar-se para as árvores
E um suspiro mais intenso embaçou a vidraça
Ela ainda à perseguia
só que não havia mais cumplicidade
não havia mais o que as pudesse somar
todos os cacos estilhaçados pendiam.

Nada taria novamente o reflexo daquele rosto belo
que tantos risos moraram
que tantas lágrimas rolaram
O que há de errado contido nesse espelho?
Qual fantasma ronda o caminho?
com direito de anciã ela rouba o ar da vida.

Diante da vidraça
Já em sua terceira fase
ela joga as lágrimas para dentro,
mandando-as para o calabouço interno
de onde jamais irão contemplar o luar novamente.

Ela sabe que não está sozinha, e jamais esteve.
Mas não há forças para lutas entre as duas
Os dedos vividos desembaçam a vidraça
brilha um anel de jade na prata envelhecida
Ela sabe, ele vai auxiliá-lo em sua passagem.

Duas rivais e cúmplices, usaram-se quando foi preciso.
"Venha adormecer, você já muito ofereceu desse dom"
Era ela que à chamava, naquele dia um tom diferente.
Uma calmaria quase irreconhecível
Cerra suas pálpebras para adormecer

Nessa noite a Magia te carrega
Como à carregaste por uma vida.

Brilha a pedra Jade em teu anelar...
"Já não há mais o que sentir por aqui"





sábado, 30 de abril de 2011

Eu... sem compreender


Quando as vontades começaram a surgir
sonhei em ter um cavalo de verdade
e um carro de pedalinho
via-os comigo todas as noites
não ganhei o pedalinho mas tive cães e gatos
e fui feliz com eles.

Quando me vi crescendo
quis ter forma de menina bonita
roupas da moda e um amor de verão
chorei pelos amores de verão

Quando fui treinar pra ser gente grande
escolhi minha profissão e amei-a
aprendi fórmulas químicas em cores
trabalhei e gastei tudo comigo.

Quando pensei em família
Quis ver meu pai levar minha mãe pela mão
Lembrei dos passeios de carro, das viagens
Quis ter como cúmplice meu irmão.

Sonhei montando o castelo da princesa
mas o tempo me convenceu que não
Quando olhei no espelho não me vi
Quando me toquei não senti
Quando pensei em mim...

Descobri que há muito mais dos outros aqui
do que eu mesmo
Então pensei no amor
E não acreditei...

Vi a criança cheia de desejos
seguir o caminho mais tortuoso
Então quis que tudo fosse fácil
E vieram os dias de tempestades
E houve dias que mal me conhecia
E houve lágrimas que correram no escuro
E houve gritos que se trancaram
ardendo o peito aprisionados
Pedindo ao Criador que trouxesse o sono
Adormeci.

Então houve tempos de calmaria
E sorrisos e vida
Tornei a pensar
e novamente havia mais pelos outros
do que por mim mesmo.

Então quis alguém que me desse amor
Carinho e atenção
Pedi ao Criador por isso
E aconteceu...
Mas eu não soube o que fazer.

Quis muitos momentos na vida
Vivenciei muitos, adormeci em outros tantos
Quis ter viajado mais vezes
Quis ter dito "eu te amo" mais vezes
e me calado menos.
Desejei ter realizado uma lista de cem metas
Quis ter tido apoio em escolhas difíceis
E não optar por engolir palavras

E então somente quis ser feliz
E descobri que há muito mais de mim nestas linhas
Que escrevi sem pensar

Para tentar entender
meu coração sufocado
esse grito trancado aqui dentro
Em um "eu" anulado...
Nesse vazio carregado
Que insiste em adentrar.





domingo, 23 de janeiro de 2011

Redenção


Vem a mim menina
nessa noite serena de lua
Brisa suave
toca-me com teu encanto de Rainha
e traga-me de volta o que fui
Ainda sinto em alma
o sono
a fome
a calma
Fito teu corpo alí
descansando á minha frente
sinto que vens a mim
Sobre o doce leito de um altar
Nossos sonhos devaneios
serram os Punhos de Aço
serram os Dentes esculpidos
serram as palpebras da vida
Trago-te de volta em Lua Nova
Anseio
Minha volta em tua ida
tatuagem em pele clara
marcas em sangue ardente
traços nas linhas da vida
Sei que estás a sondar-me
de onde estás... estás a sondar-me
de redor... ao redor
como lobo e presa.
Não se deixe enganar pelas flores em tuas mãos
pela luz que emana das minhas.
Um "por que" sem explicação.
Deito e choro pela menina esta noite
E à vejo sentir hoje como outrora
Teu sono
Nossa fome
minha calma.